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Uma das experiências que marcou meus dias da JMJ 2013 foi a visita que fiz à Cracolândia da comunidade onde desenvolvemos nosso trabalho “Solidariedade em Marcha” (SOMAR). O nome da comunidade é Cachoeira Grande e fica no complexo do Lins. É uma comunidade não pacificada e, por este motivo, muitos bandidos de outras comunidades, que já foram pacificadas, vieram e se estabeleceram no Lins. Isto tem incrementado a venda e o consumo de drogas. É uma realidade muito triste ver jovens, adultos e até anciãos sofrendo por causa dessa praga.

 

Há muito tempo queria fazer alguma coisa numa construção, onde os dependentes do craque ficam depois de comprar a droga. É uma antiga caixa de água, que os traficantes inutilizaram e aproveitaram para deixar próxima da boca do fumo para os consumidores que vêm de outros lugares. Os corredores são estreitos e com muita gente encostada nas paredes com o olhar perdido, deixando passar o tempo. Devo confessar que ainda que muitas vezes tenha pensado em entrar na “caixa d’água”, não sabia o que fazer, até que li as palavras do Papa Francisco:

"Jesus nos diz que a maneira de encontrá-lo é encontrando suas chagas, e as chagas de Jesus as encontramos com as obras de misericórdia, dando ao corpo e à alma, sobretudo ao corpo de seu irmão chagado, porque tem fome, porque tem sede, porque está nu, porque está humilhado, porque é um escravo, porque está preso, porque está no hospital. Essas são as chagas de Jesus hoje".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

UM PERIGO QUE VALE A PENA

Second from the left: Brother Franz

Mas as palavras que mais me impressionaram foram:

Temos que tocar as chagas de Jesus, devemos acariciar as chagas de Jesus, temos que curar as chagas de Jesus com ternura, temos que beijar as chagas de Jesus e isto, literalmente... para tocar no Deus vivo não há necessidade de fazer um curso de atualização, mas entrar nas chagas de Jesus e para isso basta sair à rua. ".

 

Não foi preciso mais nada. Juntei um grupo de peregrinos que vieram à JMJ, colocamos alguns alimentos em nossas mochilas e subimos o morro. Se a principio a experiência pode intimidar, pois se precisa passar pela boca do fumo e encontrar com os traficantes, a oportunidade de dar testemunho da nossa fé e do nosso autêntico desejo de ajudar supera qualquer medo. A acolhida do pessoal na “caixa d’água” num primeiro momento foi de desconfiança, mas à medida que fomos conversando e partilhando como amigos, o ambiente nesse local escuro foi mudando. O fato de estar com eles, no meio deles, deixando de lado nossos temores, podendo expressar nosso carinho e preocupação “tocando essas chagas” foi uma experiência que sensibilizou muitos dos presentes a ponto de surgirem lágrimas em rostos endurecidos.

 

Para mim, foi uma lembrança do chamado para sermos instrumentos da Graça de Deus, de fazer Deus presente, de maneira concreta e palpável, aos outros; de lembrar que Deus não se esquece de ninguém, mas que conta com a colaboração de todos para poder estar no meio de todos. Todos temos a possibilidade de tornar concreto o amor de Deus, basta começarmos pelas ações simples do dia a dia.

 

Depois dessa experiência as palavras do Papa têm me acompanhado com frequência: “tocar as chagas de Jesus” . Agora sempre que dou esmola, procuro olhar nos olhos da pessoa, tocar sua mão e lembrar a quem estou servindo, não simplesmente dar o dinheiro. Este pequeno ato tem me ajudado muito a encontrar Jesus em todos os momentos. O único perigo deste tipo de ações, que alguns podem experimentar, é não querer parar de ajudar aos demais...

 

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